sábado, 14 de maio de 2016

Entrevista para o portal CRANIK


Marco Mioni - Foto Divulgação
ENTREVISTA:

Ademir Pascale
: Poderia contar como foi o início de Marco Mioni no meio literário?

Marco Mioni: O que você leitor(a) faria se a pessoa amada simplesmente sumisse? Ou se você sumisse leitor(a)? Alguém sentiria sua falta? E Se um vazio imenso fizesse parte da sua rotina? Um vazio como o que há entre as estrelas do espaço sideral, ou entre duas sinapses nervosas. Foi assim, tentando investigar este vazio, que ingressei no mundo literário.
E acabei descobrindo, da pior forma, que entender o amor seria mais difícil que compreender o infinito.
Por isso, passei a pesquisar mais sobre o que seria "algo sem fim". Imagine leitor(a), o universo, sem fim? O que seria fazer parte de algo sem fim? E existe parte de algo infinito? Foi com essas perguntas e outros questionamentos que entrei de cabeça na literatura!

Ademir Pascale: Você é autor do livro "Lendas Universitárias" (All Print). Poderia comentar?

Marco Mioni: Lendas Universitárias é um projeto, digamos, "sem fim". Pensei num livro q fosse escrito inicialmente por mim, mas que os(as) leitores(as) pudessem intervir. Escrever suas experiências. A Universidade é um pano de fundo, um cenário para todo tipo de estória (fictícia) ou história (real), por isso, escolhi este lugar como palco para meus contos e crônicas, para mim, a Universidade tornou-se um lugar místico e inspirador,
"Todo mundo" ao menos uma vez na vida já pensou numa universidade, até mesmo quem nunca pisou em seu chão. Quem está para entrar, quem já saiu e quem está para voltar, ou mesmo quem é analfabeto mas batalha para que seus filhos possam estudar, todos temos uma história para contar sobre a universidade!
Eu, por exemplo, conheci tanta gente, ouvi cada história, algumas sem pé nem cabeça, outras engraçadas, algumas de arrepiar, muitas delas registradas no livro, que eu prefiro chamar de "ensaio".
Neste primeiro volume, temos um romance principal e diversos contos intercalados no decorrer da narrativa central.
Eu resolvi apelidar de "lendas" estes capítulos. Assim, neste primeiro livro temos 3 lendas universitárias:
1. A reinvenção da roda ou o fim da pré história
2. Mas vale um jegue que me carregue, do que um avião que me derrube
3. Polícia é para ladrão para estudante não.
O livro reúne contos curtos, crônicas, poemas, trechos de músicas que ouvi e gostei, tudo isso desde meus 8 anos de idade, quando ganhei meu primeiro prêmio num concurso literário com a crônica que estou disponibilizando a seguir para vocês.

Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho de "Lendas Universitárias", especialmente para os nossos leitores?

Marco Mioni: Vou destacar esta crônica que escrevi quando tinha 8 anos de idade e que foi o pontapé inicial de toda esta jornada.
“A perereca”

Amanheceu chovendo muito forte e a mãe de Pedrinho já apressando o passo, seguia quase correndo para deixar seus filhos pequenos na escola, sempre atenta para não chegarem sequer atrasados. Era uma mulher muito responsável e passava sua vontade de mudança para seus filhos – um casal de belas e saudáveis crianças. A menina ia pensando em chegar logo e sair daquela chuva toda, para não molhar mais seus cabelos e sua roupa. Pedrinho, pelo contrário, achava tudo aquilo interessante, a chuva, aquela água toda, os carros passando pelas poças e jorrando toda aquela água na calçada, tudo era experiência nova na sua cabeça viajante.
Quando a mãe olhou para o relógio apressou o passo mais ainda. E não percebeu que seu filho tinha se afastado. Pedrinho correu e atravessou a rua, inesperadamente, indo em direção contrária. Vendo a cena e sem se preocupar a mãe presumiu que ele poderia ter deixado cair alguma coisa e ficou esperando seu retorno.
Pedrinho sempre levava em sua mochila frascos vazios de maionese, de margarina, dentre outros. Sempre curioso com o mundo animal e preparado para as surpresas, retirou uma dessas vasilhas e cuidadosamente recolheu uma pequena perereca que estava na calçada, parecia estar morta e o garoto alisando-a pensou. Coitadinha, vou levar você comigo.
Voltando na direção de sua mãe, Pedrinho correu e atendeu às ordens, seguindo numa marcha mais rápida ainda com destino à escola.
Chegando na sala de aula, depois de contar todas as brincadeiras que fez no dia anterior Pedrinho foi sentar em sua cadeira e no seu lado estava uma garota chamada Carolzinha, ela era simplesmente linda.. E o garoto apaixonado resolveu entregar um presente para ela, pois na tarde anterior ele tinha feito uma boneca de massa de modelar e queria entregar para Carolzinha. Oi. Oii. Olha que eu trouxe para você. Deixa eu ver. Pedrinho entregou a vasilha de maionese com a bonequinha dentro, mas quando Carolzinha abriu, lá estava a perereca. Que bonita rã, ela está viva? Pedrinho ficou completamente sem reação, então disse: Não sei, acho que está só dormindo, agora ela é sua Carol, deixa eu carregá-la para ver se ela acorda. Tudo bem.
A professora já estava iniciando a aula. Bom dia classe. Silêncio! Chhiiiu. Hoje vamos estudar o sistema solar... Olha a conversa paralela! Carol! De novo você Pedro Paulo! Desculpe professora. O que está fazendo na carteira de Carol? Eu só estava alisando a perereca dela, para ver se ela acorda!
O quê ÊÊÊÊ! Que ousadia é esta? Vocês são crianças! Tira já a mão da perereca dela. AGORA! Professora, mas ela tá quente, acho que tá viva! Que é isso menino, se respeite! Larga já, tira a mão daí agora! Tem certeza professora? Então tá bom!
Quando Pedrinho soltou a perereca, ela saiu pulando na direção da pró. Uaiiii. Gritou a professora, a criançada toda também começou a gritar e todo mundo saiu correndo.. Não sobrou mais ninguém na sala de aula. E a pró ficou só gritando. Carolzinha e Pedrinho ficaram ali rindo de toda aquela cena, se olhando e rindo, rindo e se olhando.
Nascia aqui, uma eterna paixão, este inexplicável sentimento. Pedrinho estava apaixonado para sempre, com toda certeza. Não sei se por Carol ou se pelas pererecas, mas eternamente apaixonado. 
Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar do seu livro?

Marco Mioni: Para adquirir um exemplar de meu livro temos diversas formas. Mande um e-mail para marcomioni@hotmail.com ou para lendasuniversitarias@gmail.com, e também através do blog lendasuniversitarias.blogspot.com, com seu endereço e dados para entrega do livro.

Ou ainda pelo site da editora All Print e de algumas livrarias (nestes casos tudo vai depender da disponibilidade de exemplares com as livrarias), algumas delas como a Siciliano, Cultura, necessitam de prazo para entrega.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Marco Mioni: Estou terminando o LENDAS UNIVERSITÁRIAS 2, onde de início vamos apresentar o desfecho do livro 1, já com a participação dos leitores(as).

Perguntas rápidas:

Um livro: A metamorfose de Franz Kafka
Um (a) autor (a): Machado de Assis
Um filme: Matrix
Um dia especial: O dia do nascimento de minha filha

Ademir Pascale
: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Marco Mioni
: Gostaria de parabenizar este site, a revista e todos os leitores(as) que alimentam cada vez mais nossa vontade de escrever! Sou fissurado em literatura, leio e escrevo de forma compulsiva, mas lamento um país como o Brasil, "gigante pela própria natureza" não ser um país de leitores. Tenho amigos que conquistaram espaço na literatura nos EUA sem muito esforço, mas nós, heróis brasileiros, sim, heróis, todos nós, temos que batalhar para um lugar, ainda que mínimo, no cenário literário nacional.
Obrigado a todos pela atenção, até a próxima !
Twitter marcomioni (https://twitter.com/marcomioni)
Blog lendasuniversitarias (lendasuniversitarias.blogspot.com)

Marco Mioni é escritor (poeta e contista), advogado e professor.

http://www.cranik.com/entrevista326.html

terça-feira, 16 de junho de 2015


                                            “A nova lenda do beija-flor”


   Lembram da estória do beija-flor? Que diante do incêndio da floresta, começa a pegar de gota em gota, certa quantidade de água num rio, na tentativa de apagar o fogaréu; e sai propagando para os outros animais: “Eu estou fazendo a minha parte”?
   Bem, eu prefiro contar ela toda, sem os desfalques que o tempo e as gerações de contadores proporcionaram, pois o final da versão que todos conhecem não retrata o que de fato ocorreu, vamos então para a lenda universitária do beija-flor.
   Em uma floresta da mata atlântica brasileira muitos animais faziam todo dia a mesma coisa, com exceção de três: uma coruja, “o beija-flor” e um bicho-preguiça (que chamaremos a partir deste momento diretamente de preguiça). A coruja diferente de todos os outros animais resolveu pensar qual era o papel dela naquela mata e acabou esclerosada; o beija-flor, que se dizia rebelde, queria ser politicamente correto e todos já sabem o glamour que desfrutou e a preguiça cujo final veremos daqui a pouco não fazia quase nada da vida e sonhava em continuar assim pelas próximas décadas.
   Em mais um dia de verão, um grupo de fazendeiros da região do Roncador passou na floresta, mais precisamente na região da nascente do rio Ranranran, e começaram a arrancar as arvores que ali estavam plantadas, tocaram fogo em alguns gravetos no início da noite, para gerar luz e calor, gerando um tremendo incêndio. Queriam tomar banho em águas quentes e certamente conseguiram.
   Já sem controle, o fogo foi se espalhando muito rápido atingindo quilômetros de mata nativa.
   Quando o fogo aumentou e dominou toda a paisagem da floresta a Coruja disse:
   - Vou ficar aqui e morrer queimada, pelo menos é a minha escolha, a floresta vai virar fogo, o fogo vai virar floresta, já estou esclerosada mesmo, então vou virar fogo também, o fogo vai virar coruja, a coruja vai virar fogo.
   O beija-flor, todo mundo já sabe, rapidamente se atirou no rio pegando gotas de água e voltando para jogar as gotinhas no fogaréu, repetindo sua frase estimulante para todos os animais que fugiam desordenadamente.
   A preguiça que tentava vagarosamente escapar do fogo, ouviu aquela frase do beija-flor e se comoveu. Parou de fugir do fogo e voltou na direção do rio para também tentar ajudar a apagar o incêndio.
   No meio do incêndio – o que ninguém nunca ouviu falar, inclusive eu,– o beija-flor começou a cansar (a uma altura dessas a sua frase bonitona já circulava o mundo: eu faço a minha parte!), o pobrezinho começou a respirar ofegante, cansou, cansou, avistou uma caverna e usou seus últimos esforços para pousar em seu interior; onde pretendia passar o resto da noite, protegido naquele refúgio natural, sobrevivendo a todo aquele fogo.       Resumindo, só pegou mesmo duas gotinhas de água.
   A preguiça que ainda estava chegando ao rio viu aquele descaso e se assustou, mas aí não havia mais tempo para fugir e por capricho do destino uma árvore enorme caiu em cima dela, aumentando a fogueira em sua volta, deixando a pobre preguiça ilhada de vez.
   Observando a tudo isto a Coruja pirou de vez, sem outra escolha, saiu em voo certeiro em direção à preguiça puxando-a para tentar salvá-la, nesta tentativa um pouco bem-sucedida, a coruja já em uma certa altura começou a fraquejar e não aguentou o peso; caindo em queda livre.
   O beija-flor querendo confirmar sua fama de herói se aproximou para ajudar a pegar a Preguiça e sem resistir ao tremendo peso acabou quebrando uma de suas patas e abandonou os dois animais, que ficaram mais desesperados ainda com a indiferença do beija-flor, que voltou rapidinho para sua caverna de onde só sairia no outro dia. Com esta patife ajuda, o beija-flor acabou atrapalhando tudo, pois em quase nada ajudaria sua insignificante força.
   Não havendo mais o que ser feito a brava Coruja usou de toda força, ou melhor, do pouco que ainda lhe restara, e lançou a preguiça para dentro do rio, logo depois, desmoronou no fogo ardente e morreu queimada.
   A preguiça saiu viva, porém, horrorizada com a infantilidade do beija-flor que, como já foi dito, acabou com uma pata quebrada. E nunca contou tudo o que tinha ocorrido durante aquele incêndio, até hoje, claro.
   Na mesma noite veio uma chuva muito forte, choveu praticamente a madrugada inteira, era tanta água que apagou todo o incêndio da floresta em fração de minutos.
   No outro dia, pela manhã, todos os animais acompanharam o fim da tragédia e fizeram do beija-flor um herói, mas para a Preguiça que ficou viva e viu de fato que o beija-flor nada fez – sequer a parte dele – heroína mesmo foi a corajosa e destemida coruja!  E o beija-flor que colocou a vida de tantos animais em risco com sua irresponsável e inconsequente conduta saiu de pata quebrada e eterno peso na consciência, escondido atrás daquele seu sorriso sínico.

   Moral da história: É melhor morrer de pé do que viver ajoelhado.

   MARCO LUIS BRITO MIONI


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O Projeto continua

Ilustres leitores,

O que fazer com o lixo das sociedades contemporâneas, em especial, com o lixo nuclear?
Assim como no instigante filme "Wall-e" o tema central deste módulo será repensar o destino do lixo, em especial o nuclear, no livro alertamos para as ameaças da poluição atômica e agora quero saber a opinião de vocês. Deixem suas ideias, envie um e-mail para lendasuniversitárias@gmail.com.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Lançamento do "ensaio" para o futuro livro...

Evento: Lançamento do livro "Lendas Universitárias".
Data: 23 de junho de 2013
Horário: 17h
Local: Livraria Martins Fontes. Av. Paulista, 509, São Paulo-SP.

Tel.: 11 2167.9900 - CEP 01311.910 - São Paulo SP 

Estacionamentos: R. Manoel da Nóbrega, 95 e R. Manoel da Nóbrega, 88 - primeira hora gratuita.


E-maillendasuniversitarias@gmail.com.